segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Atendimento público

Não cansa de me impressionar a falta de qualidade no atendimento público brasileiro. Surpreende-me enormemente quando sou bem atendido em qualquer instituição diretamente ligada ao governo. Quando a relação governamental é indireta, no caso de sociedades de economia mista como o Banco do Brasil, por exemplo, o atendimento e o serviço prestados não costumam ser de má qualidade. 

Como exemplo prático, relato a experiência de hoje. Fui a um posto de saúde próximo a minha casa para tomar uma simples vacina. Comuniquei o que queria a primeira funcionária, a qual me mandou para um segundo agente e este me encaminhou para um terceiro. Finalmente, retirei minha senha e aguardei pela vacina. Depois de algum tempo esperando, ouço um casal conversando sobre qual outro posto de saúde eles iriam para tomar a vacina de febre amarela já que ali não tinha (por coincidência a minha também era aquela). Perguntei ao casal quem havia dito que a vacina não estava disponível naquela unidade e me apontaram o funcionário – o segundo pelo qual eu havia passado que, a mim, não deu essa informação. Confirmei com um quarto funcionário e, de fato, a vacina estava em falta. 

Tratei de ir a outro posto de saúde. Ao chegar, o péssimo atendimento já foi revelado de cara. Dirigi-me até o balcão onde estava a funcionária para perguntar sobre a vacina; ela, com fones de ouvido (não os retirou para se comunicar comigo) e quase de costas para a sua mesa de atendimento de tão confortável que estava sobre sua cadeira reclinável, respondeu-me gesticulando com as mãos mandando que eu seguisse e aguardasse na porta a frente. Após algum tempo mais, tomei minha vacina. Dentro disso tudo, nem comentei sobre a falta de educação mínima em retribuir o meu "boa tarde". Mas isso já to acostumando em várias situações do cotidiano.

Logo em seguida contei essa situação a uma prima. A qual também me relatou sua ruim experiência  de ontem com o serviço público. Também em posto de saúde, falou-me que, sentindo-se mal, chegou na unidade de saúde às 17h50min. Na ocasião, havia três clínicos de plantão disponíveis. Mas ela só foi atendida depois das 19h, por um clínico que havia chegado há alguns minutos. Isso porque os de antes já estavam muito perto do horário da troca de plantão para realizar novos atendimentos. O curioso é que essa troca de plantão ocorre às 19h, ou seja, uma hora e dez minutos antes do horário eles já estavam se organizando para a troca de turno.

Esses foram apenas dois exemplos que ocorreram hoje e ontem e achei interessante relatar para exemplificar o péssimo atendimento público que nós temos. Embora coisas muito piores aconteçam no serviço público, na administração pública em geral, todos os dias. 

Penso que um dos inúmeros motivos que explicam esse tipo de má qualidade na prestação do serviço público é a estabilidade que o servidor goza, geralmente adquirida após três anos de exercício no cargo. A quase impossibilidade de ele ser demitido faz com que o “corpo mole” seja uma constante em sua rotina profissional. Tanto é, como disse no início, que em sociedades de economia mista, em que a estabilidade não é garantida por lei, a qualidade do atendimento é mais próxima a das empresas privadas. 


Para não apenas criticar o atendimento no serviço público e parecer injusto, eu também já fui bem atendido. Há cerca de um ano, nos Correios, empresa pública federal, busquei explicações relativas a uma encomenda que já deveria ter chegado a minha casa há muitas semanas. A agente pública me atendeu tão incrivelmente bem, procurando informações junto aos seus papéis, ligando para outras unidades dos correios, explicando-me passo a passo o ocorrido, que eu estranhei bastante. Gostei muito e agradeci ainda mais, saí meio sem acreditar na disposição e na educação da funcionária. Portanto, posso dizer que já presenciei um caso de efetiva qualidade no atendimento público. 

sábado, 22 de novembro de 2014

Egoísmo

Quando somos crianças, uma das preocupações de nossos pais é a de nos passar a importância de dividir com os coleguinhas e de não ser individualista. Talvez hoje em dia você se considere uma boa pessoa em virtude desse e de vários outros valores que lhe foram transmitidos. E não só por sua família, mas por todas as suas relações interpessoais e até mesmo pela sua personalidade e por sua vontade de ser quem você é. Sim, porque se tem algo que me incomoda é pensar que somos frutos do meio em que vivemos. Se assim fosse, não teríamos controle sobre nós mesmos. Portanto, você é o que é porque você o quis e, apenas em alguma medida, pelo que viveu em sua infância, adolescência e pelo que ainda vive. Algumas pessoas possuem mais oportunidades do que outros, melhores condições, mais afeto, etc. Sim, obviamente que essas coisas influenciam nas nossas vidas em algum nível. Mas não nos determinam. Pelo contrário, as nossas experiências, em meu entendimento, percorrem um espectro quase infinito de possibilidades e caminhos a serem perseguidos por nós mesmos. Por isso se observa tantas histórias de vidas distintas de pessoas que, na teoria, poderiam ter tido o mesmo rumo, seja essa estrada teórica qualquer que fosse.



Mas voltando ao valor específico de não ser egoísta, que motivou esse post, acho que quase ninguém (para não generalizar) consegue alcançá-lo. Não estou querendo ser utópico nem tendo uma crise desejando que as pessoas sejam sempre dotadas de boas intenções. Vivemos num mundo capitalista em que ser individualista é pré-requisito obrigatório. O que me chama a atenção é que somos demasiadamente egoístas e talvez nem percebemos ao certo. Não vou nem falar sobre questões financeiras para não cair justamente no centro do sistema e do modo de vida que levamos. Mas de algo mais simples. Um exemplo que venho observando e parece se encaixar bem. Todos os pais costumam fazer de tudo ao alcance deles pelos seus amados filhos. E isso é ótimo, que fique claro. Porém talvez não façam 10% disso por nenhuma outra pessoa mais. E não importa, muitas das vezes, o quanto eles a conheçam e saibam de sua boa índole e de sua necessidade, que por eles poderiam ter sido auxiliado, acolhido, contribuído, apoiado ou simplesmente ouvido. Sei que essas coisas familiares são dotadas de um sentimento mais complexo. Meu ponto é que em muitos casos é muito simples dar um suporte, seja ele de qual for o gênero, a um não filho, a um não membro da família, a um não amigo, a um não cônjuge - mas que, infelizmente, não costumamos prestá-lo. O egoísmo está, também, entre familiares, amigos, cônjuges e etc. O altruísmo existe, sim. Embora a prática com a sua  verdadeira essência seja rara; sua ação sem, de fato, buscar recompensa absolutamente nenhuma, seja artigo em extinção.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Não top five; apenas top two do cinema

Eleger dois filmes favoritos já foi difícil, escolher cinco ou dez me pareceu demasiado complicado. Mas acho que estou seguro quanto a esses dois. Considero-os incríveis e são aqueles filmes que posso ver 10 ou 15 vezes sem me entediar. Há outros que se encaixam nessas mesmas situações, de saber as falas decoradas, mas hoje fico com estes. Não falarei muito da história de cada filme para não quebrar o barato daqueles que ainda não os assistiram. Vamos lá!

Dr. Strangelove (1964)

Dirigido por Stanley Kubrick, o filme foi lançado em 1964, ainda na Guerra Fria, pouquíssimo tempo depois da Crise dos Mísseis que quase levou EUA e URSS a um embate nuclear. E é isso o que mais me impressiona, o fato de o filme ser incrivelmente bom e engraçado mesmo produzido num dos momentos mais sensíveis da segurança mundial.

Uma sátira política excelente, com um humor muito bem construído, mas com um tom dramático que não sai de cena. É um filme para ser visto mais de uma vez e sempre perceber coisas novas, sutilezas que podem passar despercebidas na primeira ou segunda vez.

Além de cenas extremamente cômicas como "Gentlemen, you can't fight in here! This is the War Room", a conversa telefônica entre o presidente dos EUA e o primier soviético sobre a delicada situação nuclear é a minha favorita.


Interessante também destacar que o ator Peter Sellers, além de interpretar o Dr. Strangelove (que aparece mais para o final do filme) interpreta outros dois personagens - o Capitão Lionel Mandrake e o presidente dos EUA. Diga-se de passagem, a cena do descontrole nazista de Dr. Strangelove no fim do filme é de uma genialidade ímpar.



Tróia (2004)

Tá... certo que não é um filme extremamente fiel a Ilíada, poema de Homero sobre a Guerra de Tróia, mas não deixa de ser sensacional.  A relação de Aquiles com Pátróclo, por exemplo, considerados primos no filme, não condiz com a história original do poema, em que eles são amantes. Embora seja um longa bastante maquiado, por assim dizer, a história do filme traz inúmeros sentimentos e emoções que fazem valer a pena.

Aspectos como honra, amor, paixão, coragem, amizade, lealdade, fidelidade, covardia, divindade, patriotismo, individualismo, ganância e inveja são alguns exemplos muito bem explorados. É justamente essa imensa gama de condições humanas presente e bem trabalhada em Tróia que o faz ser meu segundo filme favorito. A história grega de Homero com o drama de Helena, o heroísmo de Heitor, o bravíssimo Aquiles e sua fraqueza no calcanhar, a ganância de Agamenon e o  falso presente grego em forma de cavalo,  já é boa o suficiente para atrair a atenção de muita gente, 

Uma das minhas cenas favoritas ocorre logo no início, quando um garoto mensageiro vai chamar Aquiles, ainda dormindo em seu acampamento, para um duelo que o esperava contra um guerreiro da Tessália. O menino diz que o tessálio com quem Aquiles lutará é o maior homem que ele já viu em sua vida e que por isso não lutaria com ele. Com um olhar de reprovação ao garoto, Aquiles o responde antes de ir para a batalha: "é por isso que o seu nome nunca será lembrado". No confronto, Aquiles derrota o adversário em um único golpe.



Quem procura um filme mais fiel a Ilíada, pode assistir a "Helena de Tróia - Paixão e Guerra" (2003), que também não se arrependerá.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Voto x, voto y, voto branco, voto nulo...


Eu sei que as eleições acabaram de passar, todos voltaram a ser amiguinhos e a paz reina outra vez porque findaram as picuinhas políticas. Então é justamente agora um ótimo momento de cada um começar a pesquisar e fiscalizar, de fato, sem a paixão atrapalhando a razão e o bom senso, o que estão fazendo todos aqueles que a maioria elegeu para nos representar.


Daqui a menos de 2 anos as intrigas voltarão com o pleito eleitoral para prefeito e vereadores. Até lá, nada mais justo que se informar o que se passa na prefeitura de sua cidade e na câmara municipal. Lembra-se em quem votou para vereador nas últimas eleições? Tem feito um bom trabalho? Acredito que quase todo município tem um site da câmara municipal; é um bom lugar para começar a ficar de olho, ver os projetos (quando existem), etc.

Outra coisa que me chamou atenção nessas últimas eleições foi a quantidade de gente dizendo que votaria nulo. Eu sempre ouvi falar que se 50% + 1 do eleitorado votasse nulo as eleições eram anuladas. Sobre votar em branco, muitos acham que esses votos são direcionados para aquele candidato que obteve o maior número de votos. Se você já ouviu coisas assim, saiba que nada disso procede. Voto nulo ou voto em branco não são considerados votos válidos nem possuem nenhum efeito prático para absolutamente nada - simples assim! Fonte TSE Eles entram tão somente nas estatísticas das eleições, e nada mais. Portanto, mesmo que você não se veja representado por nenhum dos candidatos (e não queira fazer a escolha do "menos pior"), o seu voto nulo ou em branco não vai gerar resultado nenhum. 

Por mais que voto nulo e em branco tenham o mesmo efeito prático (servem tão somente para fins estatísticos), eu penso, contudo, que seja melhor votar em branco. Isso porque voto nulo é aquele que, teoricamente, votou em um número errado, que não existia. Então mesmo que você soubesse que o número "99" não era de nenhum candidato, nas estatísticas não será possível saber quantos daqueles votos nulos foram conscientes ou realmente equivocados. Já o voto em branco não gera margem de dúvida quanto a sua manifestação contrária a todos os candidatos: você foi lá e clicou "Branco" e "Confirma" - é, inclusive, mais prático. 

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Saudações!

Primeiramente, gostaria de cumprimentar a todos que estão lendo esta primeira postagem e dar boas vindas ao Pluridirecional!

Pois bem, minha pretensão ao criar esse blog é fazer deste espaço um ambiente de exposição de idéias e informações sobre os mais variados temas: política, cultura, cinema, tecnologia, economia, esportes, etc. Enfim, escrever para vocês sobre tudo aquilo que me der na teia e não apenas sobre um assunto específico. Obviamente que a interação com os leitores através de comentários e sugestões é que dota essa atividade de sentido e a torna mais aprazível.

Por que não escrever no Facebook? Não tenho números de pesquisa, mas acho que nos últimos anos os blogs estão perdendo um pouco de espaço em virtude da crescente das redes sociais, especialmente do Facebook. Nesse último pleito eleitoral, vi um gigantesco compartilhamento de informações políticas e de opiniões sobre as eleições (também participei ativamente disso) na minha timeline. Assim como outros assuntos, acontece que fica um pouco chato tantos textos e notícias de tanta gente que você não tem interesse de ler e, quando o faz, vê que não valeu a pena na maioria das vezes. Da mesma forma, sinto que escrever no Facebook para um número limitado de pessoas (seus amigos) e que muitas vezes não têm o mínimo de interesse naquilo não é agradável. Dessa maneira, em decadência ou não, crio esse blog para quem quiser entrar e ler, sem eu encher o saco de ninguém.

Sejam bem-vindos! Até amanhã!